8 de março de 2011

Quando as estrelas estão tristes



E quando tu estás triste, aonde vais?
Tu danças nos teus passos em falso, colocando-te nas pontas dos pés e desatando a rodopiar, atraindo toda a atenção para tua valsa e escondendo todos os resquícios de qualquer dor desatinada.
Tu bailas ao longo da estrada, sapateando nos teus calçados de madeira e mascarando com teus saltos os sons de teus suspiros e soluços sufocados.
Tu caminhas em meio às sombras, e a cada novo foco de iluminação, colocas rapidamente teu sorriso nos lábios, até que retornes à escuridão e possas enfim portar a expressão triste por mais uma vez.
Então tu começas a rir com a tua boca linda, deixando que dali saia apenas gargalhadas e enterrando cada vez mais o teu grito já esmagado de desespero.
Então tu começas a cantar com tua língua apaixonada aquela canção de ninar outra vez, tentando a todo custo encantar aos outros e entorpecê-los dentro da sinfonia doce e aconchegante, enquanto enganas a ti, retendo as tuas lágrimas de novo e trancafiando-as no fundo dos teus olhos já quebrados.
Mas chegará o tempo em que a melodia cessará, chegará a hora em que a estrada estará a todo momento clara. Tu não terás o subterrâneo para transpor tua agonia, tu não terás os sapatos para esconder o som de teus soluços, nem tampouco os sorrisos e a canção para reter tuas lágrimas.
E então tu terás vontade de gritar e não mais poderás contê-la. Tu terás vontade de correr, de fugir, de sumir. Tudo ficará escuro demais, gelado demais, calado demais. Será cruel ao teu espírito frágil e à tua alma desolada.
E quando tu estiveres sozinho, aonde vais? E quando estiveres triste, aonde vais?
Porém quando o mundo estiver pintado das cores do vazio e do assustador, peço que tornes a te revestir de coragem e não mais tenhas medo. Que tu olhes para cima e encare a escuridão como se a lua ainda brilhasse lá no alto. Peço que enlace de novo teus sapatos de madeira e com eles siga adiante.
Apenas lembre-se... Lembre-se que não importa aonde irás e nem por qual estrada seguirás. Não fará diferença se a chuva salpica as costas o se o sol faz arder à face. Não terá distinção se claro for o dia ou se calada e sombria for a noite. Tudo é supérfluo demais pois eu continuarei a te seguir... E até mesmo quando as estrelas começarem a cair, eu estarei lá...


(Inspirado em "When the stars go blue" - Bono and The corrs)

Um comentário:

  1. Quando eu estiver assim, posso vir aqui, minha amiga, consolar-me com essas tuas palavras tão lindas?
    GK

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"Escrevo em linhas tudo aquilo que, nas entrelinhas, a alma quer dizer; tudo aquilo pelo qual palpita o coração"
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