29 de junho de 2011

Coelhinho...?!



“Cadê você, coelhinho?... Porque está fugindo se sabe que não pode se esconder? Coelhinho, coelhinho... apareça!
Ahh, aí está você! Está com medo, coelhinho? E há motivos para ter medo? HÁ HÁ  HÁ
Pronto... Pronto... Eu prometo que estará seguro aqui em minhas mãos, não se preocupe, nenhum dos meus brinquedos vai lhe machucar e... Mas o que é isso, coelhinho?  Você não quer que eu lhe segure? Quer ser solto, tudo bem!
Oooh, não! Porque está chorando coelhinho? Só porque caiu aqui em baixo? E como foi que veio parar aqui em baixo, é tão alto... Mas... Mas foi apenas um acidente, não foi?! Calma, calma! Sei que está difícil respirar, mas se me deixar fazer um furinho aqui poderá respirar melhor... Calminha...
O que?! Está sangrando? Mas porque está sangrando, coelhinho?!!  Ohh não...  Parece que precisará parar de respirar agora...Garanto que não vai doer, coelhinho, você não vai sentir nada, só basta que eu lhe segure assim e.... e.... Pronto! Aí está! Quem precisa respirar, não é mesmo! Isso, não se mexa, continue assim quietinho! Não vai querer contar nada à mamãe, não é?! Será o nosso segredo!
Mamãe, mamãe... Acho que o coelhinho não está bem... Mas foi só um acidente, eu juro... “
                                                Março de 1987-Outono-Casa de campo

(Inspirado na série L&O-SVU e em Stephen King)

#Nota: Um texto incomum para o que já escrevi por aqui até hoje. No entanto, devemos saber ou tentar escrever sobre tudo, certo?! Depois de muitas doses de SVU me veio isto em mente. A princípio fiquei com receio de publicar, confesso, mas pensei "porque não?!", e aqui está. O trecho trata sobre uma criança com distúrbios que tendem à sociopatia e alguma outra patologia. Quem sabe venha a ser uma trama em breve?! 

26 de junho de 2011

Feche os olhos


Feche os olhos sem medo e encare o interior de tua alma, tu sabes que é o melhor lugar para estar agora, mesmo dizendo a mim que nunca estiveste lá antes. Porém, não tens mais para onde escapar, não tens o que dizer nem sabes o que pensar, pois todas as coisas em que acreditavas e que intencionavas fazer crer se dissiparam lentamente bem em frente aos teus olhos.
Foque o alvo, mire o olhar para o espelho negro e comece uma revolução no reflexo crítico de tudo aquilo que tens feito. Erga os braços para o nada e tentes a te levantar antes que percas o verão que faz lá fora e o inverno retorne ainda mais árduo; tenhas coragem e saias já da sombra da lareira, e não me olhe desse jeito... Tu já queimaste meu coração uma vez, mas não o tornarás a fazer.
Vire-se para dentro de si mesmo e veja o quanto estiveste errado. E quando enfim puderes perceber, será minha vez de te estender as mãos sinceras e te chamar de volta dizendo que és bem-vindo ao mundo perdido nas dimensões entre o dia e a noite. Apenas diga e não me decepcione de novo, não ponha tudo a perder. Não me perca outra vez.
Então não espere mais nenhum segundo, tu sabes que pode ser tarde demais à medida que meus passos direcionam-se em linha reta para o distante oposto de ti enquanto ficas lá olhando de longe. Tome fôlego e corra, me procure em cada esquina como nunca fizeste. Siga meus passos, sinta meu perfume, anseie por meu acalanto...
Recupere tudo o que  perdeste diante de ti e acredite naquilo que for o certo, e tenha a honra de desmascarar o incerto. Não deixe... Somente não deixe que a minha alma deslize e se desfaça em penumbra lá adiante, e eu poderei então lembrar-me do que me disseste certa vez e não olharei mais para o que passou.
Não duvides, é o melhor lugar para te encontrares... Não duvides, é o caminho para me reencontrares... Ao menos por hoje feche os olhos e encare o interior de tua alma; e eu não olharei para trás com rancor...

(Inspirado em “Don’t look back in anger”-Oasis)

6 de junho de 2011

Estrelas que se doam


Os pés da garotinha balançavam centímetros acima do chão, sem tocá-lo devido à baixa estatura. Os olhinhos verdes fitavam a mesa e o dedinho alvo percorria as ranhuras da madeira já desgastada.
Uma mão quente e reconfortante lhe tocou então o ombro, chamando-lhe a atenção. E agora duas petecas azuis fixavam-se nela como se lhe perguntassem o que havia, e ela apenas recolheu os ombros.
Nada foi dito, nada precisou ser dito. O homem com aparência de papai-noel – sim, para ela ele lhe lembrava o bom velhinho que, caso fosse uma boa garotinha, lhe concederia os presentes que pedisse no fim de mais um ano – sentou-se ao lado dela.
-Deixe-me lhe contar um segredo – disse o homem – quando te sentires triste e sozinha, não chores, do contrário: erga a cabeça e olhes para o céu. Ali existem milhões de estrelas que brilham puntiformes – contou-lhe e apontou para a manta negra que exibia suas contas de diamante lá em cima – Como podes ver, muitas são as estrelas vistas daqui; mas se cada uma delas olha para os lados, não enxerga nada senão um enorme vazio: escuro, frio e assustador; e dessa maneira sentem-se cada vez mais sozinhas. No entanto, se são capazes de enxergar para além do que os olhos podem ver, percebem que a quilômetros dali existem tantas outras estrelas que, tais quais elas, brilham intensamente e iluminam os céus da noite para nós aqui debaixo. Dessa forma, como num colar de pérolas, não se sentem mais sozinhas. – e com a ponta do dedo de marfim, tocou o nariz da garotinha – Não tenhas medo quando então olhares para os lados e veres que ninguém está por perto. Não chores. Olhes mais uma vez para os altos e lembre-se que, de algum lugar uma estrela brilha por ti, pois é isso que fazem as pessoas que se amam: doam seus brilhos umas pelas outras.
E, do modo como ele chegou e nada foi dito, o homem levantou-se sem que nenhuma outra palavra necessitasse ser pronunciada. A garotinha de olhos verdes continuou a fitar o céu e a observar como cada estrela parecia ligar-se magicamente àquela ao lado, formando uma rede que brilhava e iluminava a terra.
Por muito observou as estrelas e ainda hoje as observa. Uma em especial – a estrela-mor, aquela que reflete em azul e parece realizar sonhos – a faz lembrar que seu brilho não deve ser guardado, mas irradiado a todos aqueles a quem contempla em sua rede luminosa. Porque, no fim das contas, é isso que fazem as pessoas que se amam: doam sua luz umas pelas outras.


Nota: Isso me foi contado por ele quando eu ainda era bem pequena. E dali em diante, passei a observar estrelas e o faço até hoje. Acho que, de algum lugar, ele se orgulha.
Em memória à Theo Stein.


T.Stein (Grafin)

5 de junho de 2011


E é só para lembrar de algumas coisas; e para enfatizar tantas outras: o amor é cego, surdo, mudo, doido e, definitivamente, um tremendo idiota.